Na última quarta-feira, o FED – Banco Central Americano, anunciou a manutenção da taxa de juros para o próximo período, que se estenderá até o dia 13 de dezembro. A expectativa consensual por especialistas já era de que as taxas seriam mantidas no patamar atual, na faixa entre 5,25% e 5,50%.
Contrariando as expectativas, o GDP (PIB Americano) registrou um crescimento de 4,9% no terceiro trimestre, superando o consenso de 4,3%. Isso mostra que a tentativa do FED em “desacelerar a economia” não funcionou. As próximas decisões de taxa de juros podem surtir menos efeito nos mercados do que as anteriores, uma vez que a política monetária não está funcionando no combate à inflação e está agravando a dívida pública. Isso eleva o tom para as decisões econômicas evoluírem para além do FED e irem a debate no congresso. Uma reavaliação histórica na política fiscal americana pode vir a ser necessária para gerar superávit suficiente para equilibrar as contas públicas, ou seja, o Governo terá que aumentar os impostos.
Esse movimento pode gerar um impacto direto em distintas classes de ativos, pois um aumento dos tributos na magnitude necessária reduziria a poupança das famílias, boa parte da qual está alocada em fundos de pensão. Isso faz com que o cidadão médio consuma aquilo que juntou durante os anos de crescimento econômico, mesmo que isso signifique resgatar seu capital de aplicações financeiras. Observar indicadores, como o nível de resgate em fundos de investimentos, pode ser útil para antecipar uma venda massiva de ativos de risco.
Tese de “reserva de valor” do Bitcoin pode ganhar força nos EUA
A necessidade de recursos para financiar os gastos públicos, combinada com as discussões sobre a tributação de grandes fortunas, pode impulsionar uma adoção em larga escala do Bitcoin por parte dos bilionários e até mesmo do cidadão comum, que busca preservar seu capital diante da alta inflação e de intervenções tributárias do governo.
Nesse contexto, o discurso de “reserva de valor” do Bitcoin tem ganhado cada vez mais força. Se correlacionando cada vez mais com o Ouro e menos com índices como NASDAQ e SP500, o Bitcoin observou uma alta de mais de 100% no ano de 2023 e, caso a economia americana não consiga resolver seus graves problemas fiscais, pode se tornar uma alternativa cada vez mais popular para reserva de valor na era digital.
É possível que os mercados financeiros passem por uma “reconfiguração” significativa nos próximos anos, com implicações não apenas nos EUA, mas também em todo o mundo. O panorama financeiro global pode estar prestes a testemunhar mudanças estruturais, com os ativos digitais e a “tokenização” emergindo como uma alternativa real em meio a ineficiência das políticas monetárias dos bancos centrais.