Ray Dalio, fundador da BridgeWater Associates, uma das maiores gestoras financeiras do mundo, concedeu recentemente uma entrevista à CNBC. Na ocasião, Dalio comentou sobre suas preocupações em torno da dívida do governo dos Estados Unidos, que ultrapassa atualmente os US$ 33 trilhões.
Segundo Dalio, a dívida do país mais rico do mundo pode começar a ficar fora de controle em breve, a medida que os juros afetam as despesas do governo:
“A longo prazo, estaremos num ponto em que estamos a pedir dinheiro emprestado para pagar o serviço da dívida. E há um processo pelo qual, quando você continua tendo um crescimento da dívida mais rápido do que o crescimento da renda, isso significa que o serviço da dívida está invadindo seus gastos. É o mesmo para o governo e para nós.”
Conforme destacou Ray Dalio, “à medida que isso acontece e você quer manter os gastos no mesmo nível, há a necessidade de se endividar cada vez mais.”
Dalio também destacou que grande parte da demanda da dívida dos EUA provém de fontes externas, e que questões políticas podem diminuir a demanda pela dívida do governo:
“E a situação é agravada pelas outras questões de que estamos a falar: a questão política interna, a questão do conflito social interno é algo que está a afectar a procura externa de títulos. Cerca de 40% da nossa dívida é vendida a estrangeiros. Há uma preocupação da política americana, de controlar esta crise da dívida e esse tipo de coisas.”
Por fim, o gestor destacou que podemos estar perto de um ponto de inflexão, onde os juros da dívida se tornam insustentáveis em meio a uma diminuição geral da demanda por títulos dos Estados Unidos.
“Quanto pior ficar, mais teremos esse problema de longo prazo. Você pode ver isso nos números, é apenas uma questão de números. Estamos perto desse ponto de inflexão.”
A visão de Dalio se alinha com as previsões que vem sendo feitas pelo economista Peter Schiff, que afirmou ainda em 2020 que uma dívida superior a US$ 30 trilhões poderia comprometer todo o orçamento federal, caso do governo fosse forçado a aumentar sistematicamente as taxas de juros:
“Quando a Dívida Nacional atingir US$ 30 trilhões, se um aumento no IPC forçar as taxas de juros a subir para 10% (as taxas atingiram 20% em 1980), os juros sobre a dívida logo excederiam toda a arrecadação de impostos federais. Isso significa que um orçamento equilibrado exigiria que todos os outros gastos federais fossem eliminados!”
Não está claro como o governo deve sair dessa situação delicada, que pode comprometer a governança de um dos países mais relevantes do mundo.