O cenário macro dos últimos três anos se tornou uma grande incógnita com uma sequência de eventos atípicos, trazendo à tona a percepção de que o mercado financeiro, muda a pergunta, momentos depois de encontrarmos a resposta.
O cenário caótico trouxe um grande volume de especuladores do varejo operando de forma voraz e com posições direcionais acreditando que um próximo ‘cisne negro’ poderia ocorrer a qualquer momento. Enquanto a demanda por opções de curto prazo aumentava, firmas de market making e demais players sensatos passaram a vender grandes lotes de opções, visando tirar vantagem da passagem do tempo e da queda na volatilidade. O resultado disso foi uma queda histórica na volatilidade de ativos, principalmente o bitcoin.
Historicamente, operar vendido em volatilidade tem proporcionado ganhos substanciais aos investidores. Mesmo em cenários onde os rendimentos dos títulos tradicionais superam expectativas, a venda de volatilidade tem se mostrado uma estratégia atraente.
Tomemos como exemplo a estratégia short straddle em bitcoin, que ao montar para o vencimento de junho de 2024 obtemos um prêmio mensal próximo a 3% do valor de seus ativos, traduzindo-se em um retorno na casa dos 30%.
Aproveitando a volatilidade no mercado de opções
Mas, por que essa estratégia se tornou tão popular? A resposta reside na atual faixa de incerteza econômica. Muitos investidores acreditam que os criptoativos permanecerão nessa faixa por algum tempo, tornando as opções vendidas uma maneira lucrativa de operar visando renda passiva. A venda de volatilidade não é isenta de perigos.
O risco oculto dessa abordagem é que ela coloca os vendedores de opções em uma posição onde precisam ir contra a tendência do mercado. Em outras palavras, eles são forçados a comprar quando os preços caem e vender quando sobem, buscando manter uma posição neutra. Esta dinâmica pode amplificar a volatilidade, especialmente quando as oscilações de preço esperadas aumentam. A interação entre derivativos e o mercado spot pode gerar grandes movimentos caso haja liquidez necessária para o posicionamento de grandes players .
A mesa de operações do Morgan Stanley, liderada por Christopher Metli, alerta para um cenário onde uma venda massiva de ativos poderia colidir com os traders de opções, exacerbando a volatilidade. Esta exposição, segundo estimativas, está próxima dos níveis vistos durante a explosão de volatilidade de 2018.
Em resumo, a estratégia de operar vendido em volatilidade tem se mostrado lucrativa, mas não sem riscos. A interação entre derivativos e o mercado spot, juntamente com a crescente popularidade desta estratégia, pode levar a movimentos bruscos e inesperados no mercado.